Um pouco distante do centro de Amsterdam está a bela Cervejaria do Moinho, tradução desse complicado nome do título. Como eram os primeiros dias na Holanda, ainda estávamos sofrendo muito para conseguir pronunciar minimamente bem algumas palavras, e tomou um certo tempo até que entendêssemos que o IJ tem som de “é”, e assim descobrimos que Brouwerij ’t IJ é mais ou menos “Braueré Té”.
A cervejaria fica em um grande moinho à beira de um canal, em um bairro residencial a cerca de 5 km do centro da cidade. Depois da Heineken Experience, é provavelmente a cervejaria mais visitada na cidade. Chegamos lá em um domingo à tarde, por volta de 16 horas, acreditando que o movimento do almoço já teria passado e a cervejaria estaria mais vazia, entretanto a parte externa estava lotada, com algumas pessoas esperando vagar mesa, outros bebendo chope na beira do canal. Demos uma olhada na parte de dentro e resolvemos sentar no balcão mesmo, perto da área de produção de cerveja, que fica visível, porém fechada por um vidro.
A casa oferece 10 opções de chope e algumas cervejas de edições especiais em garrafa (geralmente as mais fortes). Por aqui já notamos uma certa influência norte-americana, sobretudo no uso de lúpulos do “novo mundo” que conferem um aroma mais cítrico à cerveja. Segue uma breve avaliação do que experimentamos lá:
Pilsen: dourada, clara, dulçor e amargor bem equilibrados. Cerveja bem convencional e facinha de beber.
IJ wit: uma witbier mais alaranjada do que branca, lembrando as cervejas de trigo do sul da Alemanha, e com muita semente de coentro. Os primeiros goles são tranquilos, mas depois o excesso de condimento fica enjoativo.
Fonteyn wit: outra wit da casa, feita especialmente para ser a cerveja de verão do Café Fonteyn. Aqui o destaque é o uso de lúpulo Amarillo norte-americano, que deixa a cerveja bem frutada e cítrica, lembrando casca de laranja, melão, maracujá. Muito boa.
Zatte (tripel): a primeira receita da casa, produzida desde a década de 80. É dourada, um pouco turva, frutada e condimentada, com corpo médio, bem cremosa e equilibrada, apesar do teor alcoólico.
Natte (dubbel): a melhor cerveja que experimentamos. É marrom acobreada, tem bastante complexidade de aroma e sabor (caramelo, ameixa, banana passa e chocolate), corpo médio e amargor de lúpulo bem equilibrado com o dulçor de malte. À medida que vai esquentando no copo, vai ficando ainda mais saborosa.