BeerGeek Bar
Já havíamos andando bastante pelos arredores de Praga, visitado a Vinohradský pivovar e o Hostinec U Vodoucha. Era hora de pegar o metrô e voltar para o centro, mas, no rumo da estação, tinha um bar no meio do caminho…
Como o nome diz, é um bar para “nerds” cervejeiros, ou seja, apreciadores dos mais diversos estilos de cerveja. Em Belo Horizonte, um bar como esse seria apenas mais uma casa de cervejas especiais, mas, na República Checa, um país historicamente produtor de cerveja lager e com bastante tradição, o bar traz um quê de vanguarda e subversão. Há várias torneiras de chopp, com cervejas bastante diferentes dos mais diversos países. Analisei cuidadosamente as cervejas plugadas nas torneiras, respirei fundo e parti para uma maratona de degustação de pequenas amostras (samplers de 100 ml) de cervejas locais e importadas.
• 1º Sampler BeerGeek •
Hendrich pale lager 8º (3% de álcool): quase uma cerveja sem álcool, muito leve e com bom amargor, mas o aroma de DMS (milho) estava muito perceptível.
Frankies Svetlý Ležák 12º: pilsen checa dourada, aromática e com bom amargor, porém com pouco corpo e baixa carbonatação, dando a sensação de estar aguada.
Permon Hopper Jarrylo: a modinha dos EUA chegou também ao leste europeu. Essa IPA single hop da Permon é dourada, limpa, com aroma destacado de lúpulo cítrico e frutado (pera, laranja, tutti-frutti), corpo médio-baixo e bem amarga. Muito boa!
Mordýř smoked amber ale 13º: âmbar, limpa, aroma defumado destacado, seguido de caramelo do malte e do floral do lúpulo. Corpo médio-baixo, sabor defumado e amargor bem inserido. Muito bem feita e saborosa.
Ikkona Heaven’s Door 18º (Herbal belgian ale/ gruit beer): âmbar profundo, baixa formação e retenção de espuma. Aroma adocicado, alcoólico, ervas e especiarias. Na boca, muito adocicada, desequilibrada e enjoativa.
Freigeist Gruit Vibrations Pale Gruitbier: como estávamos num bar de nerd, precisamos agir como manda o figurino, então não poderíamos deixar de incluir nas amostras uma gruitbier (cerveja sem lúpulo) de uma cervejaria alemã que adoro: a Freigeist. Dourado profundo, aromas lácteos e selvagens (Brettanomyces e Lactobacillus?), floral e frutas vermelhas. Corpo leve, suave e com boa acidez. Cerveja muito complexa e deliciosa!
• 2º Sampler BeerGeek •
Cider Trkový (cidra/ fermentado de maçã): rosada, aroma acético, parecendo fermentação selvagem. Na boca, até que estava equilibrada, mas definitivamente não é meu tipo de fermentado.
St. Bernardus Tripel: Uma tripel belga icônica! Amarela, um pouco turva, bastante frutada e condimentada. Na boca, diferentemente das cervejas belgas que chegam ao Brasil, o amargor é bastante presente e assertivo, equilibrando o dulçor do malte.
Duchese de Bourgogne: uma cerveja envelhecida em madeira, extremamente complexa, feita na região de Flandres. A que experimentei estava jovem e fresca demais, com acidez muito forte. Prefiro a versão engarrafada, mais envelhecida e equilibrada.
Freigeist Gruit Vibrations Dark Gruitbier: âmbar, com forte aroma de zimbro e ervas que não consegui identificar. Corpo médio, bom equilíbrio de dulçor e amargor. Considerando que é uma cerveja sem lúpulo, os caras são muito competentes!
Freigeist Poltergeist (Oyster Stout): quando disse que gostava muito dessa cervejaria eu não estava brincando. A harmonização de cerveja escura com ostra faz parte da tradição britânica. Pensando nisso, na 1ª metade do século XX, uma cervejaria inglesa resolveu fabricar uma cerveja stout usando ostras no processo, criando a Oyster Stout!
A versão da Freigeist é escura, com aromas tostados, sobretudo café, defumado e herbal bem leves. Na boca, chama a atenção por ser uma cerveja ao mesmo tempo doce, amarga, salgada e ácida, tudo equilibrado. Muito interessante, mas não beberia mais de 1 copo!
Endereço: Vinohradská 988/62- (3º distrito)