(Texto escrito em julho de 2016 – Amsterdam)
Nosso turismo cervejeiro para Holanda e Bélgica começou a ser desenhado pelo acaso. Voltávamos da República Checa, partiríamos de Viena e faríamos uma conexão em Amsterdam. Tentamos sem sucesso fazer o check-in diversas vezes pelo computador, sempre aparecia uma mensagem dizendo que procurássemos um atendente na área de embarque para resolvermos a situação. Chegando em Amsterdam, entendemos o porquê da situação: o aeroporto estava lotado, era véspera de Olimpíadas, atletas do mundo inteiro estavam fazendo conexão para embarcarem para o Rio de Janeiro. A atendente, educadamente, pediu que aguardássemos um pouco mas que possivelmente não conseguiríamos embarcar.
Na nossa cabeça de brasileiro, um overbooking só pode ser algo terrível: ficaríamos horas no aeroporto sem nossas malas, sem nenhum tipo de amparo da companhia aérea. Provavelmente dormiríamos lá ou teríamos que brigar para conseguir ao menos uma hospedagem. Antes de surtarmos, resolvemos fazer uma rápida pesquisa na internet e descobrimos que overbooking é uma prática comum e regulamentada na Europa, a empresa teria que nos oferecer uma série de benefícios pelo transtorno gerado. E foi exatamente o que aconteceu: menos de 2 horas depois que nosso avião decolou, uma funcionária da KLM voltou com nossa passagem impressa para o dia seguinte, um voucher para alimentação, uma reserva de hotel e a garantia de que receberíamos 600 euros cada um (mais de R$ 1800) de indenização pelo overbooking. E assim ganhamos uma tarde em Amsterdam!
Passamos correndo no hotel e fomos para a cidade aproveitar o pouco tempo que tínhamos. Descemos perto da estação central, absolutamente sem saber para onde ir. O tempo estava meio chuvoso, mas seguimos o fluxo e descemos até a praça dos museus, passando por várias lojas de queijos e vendo os canais. A primeira impressão já era ótima, mas o melhor veio quando conseguimos conectar à internet e descobri um bar que só vendia cervejas artesanais produzidas na Holanda. Como ele ficava perto da estação central, era lá que pararíamos antes de voltar para o hotel. E foi assim que conhecemos o Arendsnest!
Não vou falar muito sobre o bar agora, pois ele será o tema do próximo post. Mas posso dizer que fiquei muito impressionado com o padrão de atendimento, o conhecimento dos garçons sobre as cervejas que serviam e, principalmente, com as cervejas holandesas. Todas que provamos eram deliciosas e tecnicamente perfeitas.
No bar provamos uma pilsen mais lupulada da Gulpener, uma saison brut, uma porter e uma imperial stout da De Molen (Rasputin) e uma strong ale de centeio da Jopen. Ainda levamos para o hotel uma garrafa de gruitbier (cerveja sem lúpulo) da Jopen e a Hemel & Aarde da De Molen, uma imperial stout defumada.
E foi assim que decidimos que tínhamos 12 meses de muito trabalho para voltarmos pra lá e rodarmos bares e cervejarias da Holanda e da Bélgica. Obrigado, KLM!